Estudo
revela que os professores envolvidos no Programa Eco-Escolas têm uma atitude
positiva em relação ao consumo de energia
Carolina Fonseca, Catarina Pauleta, Diogo
Oliveira, Diogo Silva, Gonçalo Pereira, Joana Duarte, Manuel Portela, Pedro
Leal, Vasco Diogo. Colégio Valsassina
89% dos professores envolvidos no programa
Eco-Escolas refere evitar usar o ferro de engomar em usos pontuais, 88% usa
programas de baixa temperatura na máquina de lavar roupa e89% opta pela compra
de eletrodomésticos mais eficientes. Estes são alguns dos dados de um estudo
que decorreu em janeiro e fevereiro e que envolveu 504 participantes, a maioria
dos quais coordenadores e professores. A generalidade dos inquiridos tem um
conhecimento médio-alto sobre o uso eficiente e poupança de energia e uma
atitude “muito positiva” face à conservação de energia. Mas, há dados que
motivam alguma reflexão, tais como, 59% dos participantes deixa equipamentos,
como as televisões, em stand-by.
Todos nós contribuímos
para o fenómeno do aquecimento global:
com a energia que consumimos nas nossas casas; com as nossas opções de
transporte em férias ou no dia-a-dia; com os resíduos que produzimos. Tal como
nas nossas casas, nas empresas e nas escolas muitas actividades implicam a
emissão para a atmosfera de gases com efeito de estuda (GEE).
A comunidade internacional está a responder a este desafio através
de acordos internacionais, o mais importante dos quais é o Protocolo de
Quioto, sob o qual os países industrializados se comprometeram a
reduzir as suas emissões. Mas acima de tudo, todos somos responsáveis
e como tal não podemos ficar à espera que "os outros" encontrem
solução para este problema. Se todos fizermos um esforço este problema pode ser
reduzido. Basta pequenas acções tais como a opção de uso de transportes
públicos, não usar a viatura própria em pequenas deslocações, a compra de
produtos de origem nacional, a compra de lâmpadas economizadoras, etc..
Neste contexto foi desenvolvido, em
janeiro e fevereiro de 2012, um estudo através do qual se pretendeu identificar
comportamentos sustentáveis relacionados com o consumo de energia junto dos
professores envolvidos na aplicação do programa Eco-Escolas, nos vários
estabelecimentos de ensino em Portugal. Foi possível recolher 504 respostas (83
do sexo masculino e 421 do sexo feminino), das quais 52% são relativas a
coordenadores do programa Eco-Escolas (EE) e 43% a professores.
Quando questionados sobre quais os
principais comportamentos para levar a cabo a poupança energética os inquiridos
demostraram que, de uma forma global, têm um desempenho ambiental de nível bom
médio. Por exemplo, destacamos que 92% dos participantes refere evitar usar o
ferro de engomar em usos pontuais; 89% opta usa (sempre ou muitas vezes) pela
compra de eletrodomésticos mais eficientes e 93% opta, geralmente, pela compra
de lâmpadas. Por sua vez, 77% refere apagar sempre as luzes quando está uma
divisão da casa vazia, mas este valor sobe para 97%, considerando as respostas
“sempre” e “muitas vezes”. De referir ainda que 88% usa (sempre ou muitas
vezes) programas de baixa temperatura na máquina de lavar roupa. No entanto,
apenas 48% utiliza sempre estes programas.
Contudo, merece também referência o
facto de cerca de 23% dos participantes ter referido que, com frequência, ainda
deixa os carregadores de telemóveis ligados depois da bateria ficar cheia. Por
sua vez, apenas 41% dos participantes desligam
sempre os equipamentos (tv, aparelhagem, etc.) no próprio aparelho.
Verifica-se que as respostas a este
questionário foram maioritariamente de mulheres (84%), o que está de acordo com
o facto de estas estarem em maior número na atividade docente. Corroborando, um
estudo publicado pela Revista Climatização (Maio/Junho 2011), demonstra que
“são os homens, com até 25 anos, quem apresenta uma maior necessidade de
ultrapassar barreiras à poupança energética, assim como é o público masculino,
em geral, quem demonstra estar menos sensibilizado para esta temática”. Parece
verificar-se que é o público feminino quem está mais sensibilizado para este
assunto.
Tendo
em conta os dados obtidos neste estudo parece verificar-se que a generalidade
dos inquiridos tem um conhecimento médio-alto sobre o uso eficiente e poupança
de energia e uma atitude “muito positiva” face à conservação de energia. Este
resultado pode encontrar justificação quer no facto do envolvimento dos
participantes no programa EE ser, pelo menos potencialmente, voluntário, quer
pela temática deste programa, o que nos leva a considerar que há razões para
considerar que há motivação e conhecimento para atuar. Este resultado é
semelhante aos dados apresentados na investigação Energyprofiler[1].
Este consistiu num estudo e análise de perceções, atitudes, competências e
padrões de utilização de energia por parte do sector residencial. Este
revelou que a generalidade dos portugueses possui um conhecimento “médio-alto”
sobre o uso eficiente de energia; e que a maioria das pessoas considera
importante poupar energia, não só devido a questões ambientais, mas
principalmente devido a questões económicas. Isto mostra
que, ao poupar energia, ajuda-se o ambiente, mas também
se poupa dinheiro.
Funcionários do Colégio
Valsassina em visita de estudo à Central de Tratamento de Resíduos Sólidos
Urbanos da Valorsul. A realização de ações de informação e sensibilização para
professores e funcionários das escolas contribui um exemplo de boas práticas.
Com o fim de avaliar o conhecimento dos
inquiridos sobre a sua eficiência ambiental o questionário terminava com a
questão “Já alguma vez calculou a sua Pegada Ecológica”. Cerca de 69% dos
participantes afirmou nunca ter calculado a sua pegada ecológica. Este dado
pode ser indicador da necessidade de, em certos casos, se passar do
conhecimento à ação.
Não obstante, de uma forma geral este estudo revela que os professores envolvidos no programa Eco-Escolas apresentam uma atitude que podemos considerar positiva face ao consumo de energia e revelam uma responsabilidade na sua utilização, executando com frequência comportamentos ecológicos. Sugere-se ainda a necessidade de desenvolver certas ações, como por exemplo: combater o “stand-by”; sensibilizar/informar para um consumo mais eficiente, através da seleção de programas de baixa temperatura nas máquinas de lavar; adoção de práticas de monitorização de consumos em casa.
Não obstante, de uma forma geral este estudo revela que os professores envolvidos no programa Eco-Escolas apresentam uma atitude que podemos considerar positiva face ao consumo de energia e revelam uma responsabilidade na sua utilização, executando com frequência comportamentos ecológicos. Sugere-se ainda a necessidade de desenvolver certas ações, como por exemplo: combater o “stand-by”; sensibilizar/informar para um consumo mais eficiente, através da seleção de programas de baixa temperatura nas máquinas de lavar; adoção de práticas de monitorização de consumos em casa.
[1] http://www.energyprofiler.info/sobre.php. Investigação realizada em Janeiro de 2010, da responsabilidade da Energaia e financiada pela ERSE. . Consistiu
na realização de um inquérito telefónico
à escala nacional a mais de 1000
agregados familiares.