domingo, junho 17, 2012

Estudo revela que os professores envolvidos no Programa Eco-Escolas têm uma atitude positiva em relação ao consumo de energia


Estudo revela que os professores envolvidos no Programa Eco-Escolas têm uma atitude positiva em relação ao consumo de energia
Carolina Fonseca, Catarina Pauleta, Diogo Oliveira, Diogo Silva, Gonçalo Pereira, Joana Duarte, Manuel Portela, Pedro Leal, Vasco Diogo. Colégio Valsassina
89% dos professores envolvidos no programa Eco-Escolas refere evitar usar o ferro de engomar em usos pontuais, 88% usa programas de baixa temperatura na máquina de lavar roupa e89% opta pela compra de eletrodomésticos mais eficientes. Estes são alguns dos dados de um estudo que decorreu em janeiro e fevereiro e que envolveu 504 participantes, a maioria dos quais coordenadores e professores. A generalidade dos inquiridos tem um conhecimento médio-alto sobre o uso eficiente e poupança de energia e uma atitude “muito positiva” face à conservação de energia. Mas, há dados que motivam alguma reflexão, tais como, 59% dos participantes deixa equipamentos, como as televisões, em stand-by.

Todos nós contribuímos para o fenómeno do aquecimento global: com a energia que consumimos nas nossas casas; com as nossas opções de transporte em férias ou no dia-a-dia; com os resíduos que produzimos. Tal como nas nossas casas, nas empresas e nas escolas muitas actividades implicam a emissão para a atmosfera de gases com efeito de estuda (GEE).
A comunidade internacional está a responder a este desafio através de acordos internacionais, o mais importante dos quais é o Protocolo de Quioto, sob o qual os países industrializados se comprometeram a reduzir as suas emissões. Mas acima de tudo, todos somos responsáveis e como tal não podemos ficar à espera que "os outros" encontrem solução para este problema. Se todos fizermos um esforço este problema pode ser reduzido. Basta pequenas acções tais como a opção de uso de transportes públicos, não usar a viatura própria em pequenas deslocações, a compra de produtos de origem nacional, a compra de lâmpadas economizadoras, etc..
Neste contexto foi desenvolvido, em janeiro e fevereiro de 2012, um estudo através do qual se pretendeu identificar comportamentos sustentáveis relacionados com o consumo de energia junto dos professores envolvidos na aplicação do programa Eco-Escolas, nos vários estabelecimentos de ensino em Portugal. Foi possível recolher 504 respostas (83 do sexo masculino e 421 do sexo feminino), das quais 52% são relativas a coordenadores do programa Eco-Escolas (EE) e 43% a professores.
Quando questionados sobre quais os principais comportamentos para levar a cabo a poupança energética os inquiridos demostraram que, de uma forma global, têm um desempenho ambiental de nível bom médio. Por exemplo, destacamos que 92% dos participantes refere evitar usar o ferro de engomar em usos pontuais; 89% opta usa (sempre ou muitas vezes) pela compra de eletrodomésticos mais eficientes e 93% opta, geralmente, pela compra de lâmpadas. Por sua vez, 77% refere apagar sempre as luzes quando está uma divisão da casa vazia, mas este valor sobe para 97%, considerando as respostas “sempre” e “muitas vezes”. De referir ainda que 88% usa (sempre ou muitas vezes) programas de baixa temperatura na máquina de lavar roupa. No entanto, apenas 48% utiliza sempre estes programas.
Contudo, merece também referência o facto de cerca de 23% dos participantes ter referido que, com frequência, ainda deixa os carregadores de telemóveis ligados depois da bateria ficar cheia. Por sua vez,  apenas 41% dos participantes desligam sempre os equipamentos (tv, aparelhagem, etc.) no próprio aparelho.

Verifica-se que as respostas a este questionário foram maioritariamente de mulheres (84%), o que está de acordo com o facto de estas estarem em maior número na atividade docente. Corroborando, um estudo publicado pela Revista Climatização (Maio/Junho 2011), demonstra que “são os homens, com até 25 anos, quem apresenta uma maior necessidade de ultrapassar barreiras à poupança energética, assim como é o público masculino, em geral, quem demonstra estar menos sensibilizado para esta temática”. Parece verificar-se que é o público feminino quem está mais sensibilizado para este assunto.
Tendo em conta os dados obtidos neste estudo parece verificar-se que a generalidade dos inquiridos tem um conhecimento médio-alto sobre o uso eficiente e poupança de energia e uma atitude “muito positiva” face à conservação de energia. Este resultado pode encontrar justificação quer no facto do envolvimento dos participantes no programa EE ser, pelo menos potencialmente, voluntário, quer pela temática deste programa, o que nos leva a considerar que há razões para considerar que há motivação e conhecimento para atuar. Este resultado é semelhante aos dados apresentados na investigação Energyprofiler[1]. Este consistiu num estudo e análise de perceções, atitudes, competências e padrões de utilização de energia por parte do sector residencial. Este revelou que a generalidade dos portugueses possui um conhecimento “médio-alto” sobre o uso eficiente de energia; e que a maioria das pessoas considera importante poupar energia, não só devido a questões ambientais, mas principalmente devido a questões económicas. Isto mostra que, ao poupar energia, ajuda-se o ambiente, mas também se poupa dinheiro.


Funcionários do Colégio Valsassina em visita de estudo à Central de Tratamento de Resíduos Sólidos Urbanos da Valorsul. A realização de ações de informação e sensibilização para professores e funcionários das escolas contribui um exemplo de boas práticas.

Com o fim de avaliar o conhecimento dos inquiridos sobre a sua eficiência ambiental o questionário terminava com a questão “Já alguma vez calculou a sua Pegada Ecológica”. Cerca de 69% dos participantes afirmou nunca ter calculado a sua pegada ecológica. Este dado pode ser indicador da necessidade de, em certos casos, se passar do conhecimento à ação.
Não obstante, de uma forma geral este estudo revela que os professores envolvidos no programa Eco-Escolas apresentam  uma atitude que podemos considerar positiva face ao consumo de energia e revelam uma responsabilidade na sua utilização, executando com frequência comportamentos ecológicos. Sugere-se ainda a necessidade de desenvolver certas ações, como por exemplo: combater o “stand-by”; sensibilizar/informar para um consumo mais eficiente, através da seleção de programas de baixa temperatura nas máquinas de lavar; adoção de práticas de monitorização de consumos em casa.


[1] http://www.energyprofiler.info/sobre.php. Investigação realizada em Janeiro de 2010, da responsabilidade da Energaia e financiada pela ERSE. . Consistiu na  realização de um inquérito telefónico à escala nacional a mais de 1000 agregados familiares.

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