sábado, fevereiro 23, 2008

Gestão Voluntária de Carbono - o que estamos a fazer...

Não pode haver melhor ilustração da necessidade de uma acção global por parte dos seres humanos do que as questões colocadas pelo impacte da actividade humana sobre a nossa atmosfera.
O Colégio Valsassina é uma escola particular que se situa em Lisboa. Desde a sua fundação que prossegue um ideal que procura compatibilizar com a vida em sociedade e, por isso, promove uma educação para a diferença, uma educação para a mudança, uma educação globalizante.
As alterações climáticas são actualmente, um dos maiores flagelos ambientais, responsáveis por graves impactes económicos, sociais e ambientais, muitos dos quais já irreversíveis. Essas consequências estão amplamente realçadas no último Relatório de Desenvolvimento Humano (2007/2008) onde se refere que as alterações climáticas não são um cenário futuro.
A causa deste problema ambiental reside no aumento exponencial das emissões de Gases com Efeito de Estufa (GEE), sendo o Dióxido de Carbono (CO2) o que se apresenta em maiores quantidades, fruto em grande parte, da queima de combustíveis fósseis, ou seja, utilização de Energia, incluindo a sua transformação em electricidade. Assim, pode-se considerar que o problema das alterações climáticas é um problema principalmente energético. Sendo a energia um input oneroso para todos os sectores da economia, deve-se caminhar para uma melhoria da eficiência energética.
Uma abordagem racional às questões de energia e carbono conduz à Hierarquia do Carbono:
1. Promover o uso racional dos equipamentos e sistemas responsáveis pela emissão directa ou indirecta de GEE; Reduzir na procura;
2. Instalar equipamentos e sistemas energeticamente eficientes e sistemas de controlo que promovam conforto eficiente;
3. Utilizar energia de fontes limpas (renováveis, cogeração, calor residual).

Aplicar esta hierarquia implica iniciar um plano de redução do consumo de energia e outros recursos e controlo das emissões de carbono, que se repita no tempo, com uma intenção de ser sempre melhor, sensibilizando e educando para as questões energéticas e para a responsabilidade climática através da Gestão Voluntária de Carbono (GVC).

Deste modo, integrando a componente energia e carbono, reduzindo o consumo energético e consequentemente as emissões de Gases com Efeito de Estufa pela implementação de medidas de redução de emissões, o Colégio Valsassina estará no caminho de se constituir como uma Low Carbon School, ou seja, uma Escola onde as preocupações com o impacte da sua actividade no clima foram integradas na gestão quotidiana, levando à determinação de acções de gestão da actividade que reduzem o seu impacte no clima, com benefícios económicos e sociais.

Cenários e condicionantes
Sendo a educação ambiental uma área em destaque nas opções estratégicas do Projecto Educativo do Colégio, e tendo em conta o trabalho desenvolvido nos últimos 5 anos (desde a entrada na rede Eco-Escolas), existem já um conjunto de medidas vocacionadas para o combate às alterações climáticas assim como algum conhecimento adquirido. Neste contexto é de destacar a monitorização aos consumos energéticos e as auditorias energéticas.
Por sua vez, existe interesse e vontade de toda a comunidade escolar em dar sequência ao trabalho realizado até à data. Assim, para o desenvolvimento e implantação desta estratégia considera-se necessário criar uma equipa multidisciplinar, que junte professores, alunos, funcionários e direcção, a par do trabalho em parceria com uma empresa cujo core business se centre nas Alterações Climáticas e na Gestão das Emissões de Dióxido de Carbono.
A gestão voluntária de carbono (GVC) ainda está a nascer em Portugal e por isso pode assumir-se como um elemento-chave de diferenciação para as empresas que não estão abrangidas legalmente pelo Comércio Europeu de Licenças de Emissão, mas que pretendem reduzir as emissões de gases com efeito de estufa resultantes da sua actividade e, desta forma, mitigar o efeito das alterações climáticas.
Pretende-se que esta estratégia seja aplicada numa primeira fase, até 2012, ano em que termina o primeiro período de aplicação do Protocolo de Quioto. Após esta data, pretende-se dar sequência ao trabalho desenvolvido num horizonte temporal até 2020. De referir que a UE quer começar a desenhar desde já um quadro para um acordo global pós-Quioto em 2012.
E se houver uma contribuição de outros países, a UE está disponível para reduzir as emissões de dióxido carbono em 30 por cento até 2020. A estratégia e a calendarização propostas colocam o Colégio Valsassina na linha da frente das empresas ambientalmente conscientes.

Diagnóstico e acção
Os meses de Dezembro de 2007 e Janeiro de 2008 foram dedicados ao diagnóstico. Nesta fase procedeu-se à caracterização das fontes de emissões de GEE associadas à actividade do Colégio Valsassina. A mediação das emissões segue as Directrizes do Protocolo de Gases com Efeito de Estufa. Serão quantificadas, e comunicadas as emissões de âmbito 1, 2 e 3. As principais tarefas incluídas nesta fase são:

  • Diagnóstico da empresa/colégio: pretende-se caracterizar os consumos de energia e a forma como esta é utilizada; Caracterizar-se-á a frota assim como a acessibilidade por parte dos colaboradores;
  • Análise da estrutura e procedimentos internos com impacte na GVC:
  • Elaboração do Relatório do Diagnóstico e Pegada Carbónica.

De referir que nesta fase de diagnóstico estiveram envolvidos:

  • Alunos das turmas 10º1A e 10º1B que precederam à caracterização e levantamento de todos os aparelhos de climatização e refrigeração;
  • Alunos do conselho eco-escolas que procederam ao tratamento e organização de todos os dados;
  • Professores funcionários e encarregados de educação responderam a inquéritos sobre o modo de deslocação casa-escola-casa;
  • Serviços administrativos (sector contabilidade) que procederam à recolha dos dados relativos às deslocações de avião e consumos associadas à frota do Colégio Valsassina;
  • A equipa da Ecoprogresso acompanhou todo o processo fornecendo apoio e esclarecendo todas as dúvidas que foram surgindo.

O relatório da Pegada Carbónica será um precioso instrumento de trabalho a partir do qual se decidirá quais as medidas de redução e as metas a atingir.

Ao promover a sustentabilidade de forma a travar as alterações climáticas procura-se não apenas benefícios para o ambiente, mas também a nível económico e social. Embora o desenvolvimento sustentável exija a alteração de opções tecnológicas, administrativas e de comportamentos para evitar consequências negativas para a sociedade no seu todo, também oferece grandes oportunidades.

Perante o actual quadro, torna-se fundamental sensibilizar os cidadãos para a importância que o comportamento de cada um poderá ter, através de pequenas acções, na mitigação de impactos ambientais. Contamos com toda a comunidade escolar para o conseguir…

Prof. João Gomes

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